PDI 2021-2030 - Capítulo 2 - Perfil Institucional
2.1. Histórico da UFRPE
A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) é uma instituição centenária, cuja história se inicia com a criação das Escolas Superiores de Agricultura e Medicina Veterinária do Mosteiro de São Bento, em Olinda, em 3 de novembro de 1912. Em prédio anexo ao Mosteiro, essas escolas contaram inicialmente com a direção do abade alemão D. Pedro Roeser. Em dezembro de 1914, foi instalado o Hospital Veterinário, o primeiro do país, segundo Melo (2010). Tendo em vista as limitações de espaço para as aulas práticas do curso de Agronomia, os beneditinos adquiriram, em 1915, o Engenho São Bento, localizado no distrito de Tapera, em São Lourenço da Mata. Nessa propriedade, os monges construíram as novas instalações da Escola Superior de Agricultura, em março de 1917. O curso de Medicina Veterinária, porém, permaneceu em Olinda até 1926, quando teve as atividades encerradas. Em 9 de dezembro de 1936, a Escola Superior de Agricultura de São Bento passou à administração do Estado, com a denominação de Escola Superior de Agricultura de Pernambuco (ESAP). Em 12 de março de 1938, foi transferida para o Bairro de Dois Irmãos, no Recife, onde ocupou o prédio que originalmente seria destinado a um Reformatório de Menores (MIRANDA, 2008). O referido edifício, que fora projetado pelo arquiteto Luiz Nunes e até hoje abriga a Reitoria da UFRPE, tornou-se um dos ícones da arquitetura moderna dos anos 1930 em Pernambuco (MARTINS; LEITÃO, 2009). |
Primeira sede das Escolas Superiores de Agricultura e Medicina Veterinária, em 1912. O prédio fica à esquerda da entrada principal do Mosteiro de São Bento
Nova sede da Escola Superior de Agricultura São Bento, em Tapera, São Lourenço da Mata
|
Na década de 1940, formaram-se as primeiras engenheiras agrônomas pela ESAP. A pioneira foi Ester Sara Feldmus, em 1944. Depois de graduada, Ester trabalhou no Moinhos Recife e no então Instituto de Pesquisas Agronômicas (IPA). Em 1948, foi a vez de Maria Celene Ferreira Cardoso de Almeida receber o seu título. Maria Celene realizou cursos de pós-graduação na Venezuela, na área de Educação Agropecuária, e, também, em Porto Rico, na área de Extensão Agropecuária. Também foi professora da UFRPE e atuou na Secretaria de Indústria e Comércio de Pernambuco. Segundo Lopes (2007), a pesquisadora foi responsável pela difusão da acerola no Brasil, tendo trazido a “cereja das Antilhas” de Porto Rico e plantado no Campus Dois Irmãos.
Em 24 de julho de 1947, o curso de Medicina Veterinária é retomado. No mesmo ano, a ESAP, o então Instituto de Pesquisas Agronômicas (IPA), o Instituto de Pesquisas Zootécnicas (IPZ) e o Instituto de Pesquisas Veterinárias (IPV) são reunidos, constituindo a Universidade Rural de Pernambuco (URP). Em 1955, a Universidade passou a fazer parte do Sistema Federal de Ensino Agrícola Superior, vinculado ao Ministério da Agricultura. O estatuto da URP, de 1964, representou a primeira mudança mais significativa na estrutura administrativa e acadêmica da Instituição, ainda que apresentasse alguma continuidade em relação ao modelo da antiga ESAP (SANTOS; PACHECO, 2013). Nesse estatuto, o Colégio Agrícola de São Lourenço da Mata aparece como órgão integrante da Universidade.
A origem desse Colégio remonta a 1936, na cidade de Vitória de Santo Antão, quando era denominado de Aprendizado Agrícola de Pacas, vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura, Indústria e Comércio. Em 1938, foi transferido para São Bento, em São Lourenço da Mata, passando a utilizar as estruturas da antiga ESAP, mudando a denominação para Aprendizado Agrícola São Bento. Em 1952, a instituição passou a se denominar Escola de Tratoristas do Nordeste, tornando-se pioneira na oferta de cursos agrícolas no Norte e Nordeste do Brasil, atraindo estudantes desde a Bahia até o Amazonas, para os cursos de Mecânica Agrícola, Iniciação Agrícola e Mestria Agrícola, todos em tempo integral e em regime de internato. Também eram oferecidos cursos rápidos de tratoristas para agrônomo(a)s, técnico(a)s agrícolas e estudantes de Agronomia, além de se dispor de uma escola primária para filho(a)s de funcionário(a)s e docentes.
Em 1957, a Instituição foi incorporada à Universidade sob o nome de Escola Agrotécnica do Nordeste. Em 1964, era denominada Colégio Agrícola de São Lourenço da Mata, mas foi em 1968 que adotou o nome Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (Codai) (SOUZA, 2000). No início dos anos 1970, em virtude da construção da Barragem do Tapacurá, o Codai foi transferido para a área urbana de São Lourenço da Mata. Atualmente, o Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da UFRPE também conta com instalações em Tiúma e oferece cursos técnicos em Agropecuária – integrado ou não ao Ensino Médio, Alimentos e Administração, além de ofertar cursos na modalidade EAD: Açúcar e Álcool, Alimentos e Administração. Também é destaque sua atuação no âmbito da qualificação profissional, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), tendo formado, desde 2013, mais de 12 mil estudantes em todas as regiões do estado. Atualmente, a instituição denomina-se Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da UFRPE. |
Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da UFRPE, Unidade Tiúma
|
Com a instauração da Ditadura Militar, em 1964, a Universidade passou por algumas mudanças. Em 1967, os órgãos de ensino vinculados ao Ministério da Agricultura foram transferidos para o Ministério da Educação. Como consequência, a Universidade Rural de Pernambuco passou a denominar-se oficialmente Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Com a Reforma Universitária de 1968, a UFRPE promoveu alterações mais profundas em sua estrutura administrativa e acadêmica, através de dois novos estatutos, em 1969 e em 1975. Esses dispositivos, por exemplo, incorporaram o modelo de administração departamental e o regime de créditos. Foram também criados novos cursos durante a década de 1970: Estudos Sociais, Zootecnia, Engenharia de Pesca, Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, Economia Doméstica, Ciências Agrícolas, Engenharia Florestal, Matemática e Química. A UFRPE também passou a ofertar cursos de pós-graduação stricto sensu, com a criação do Mestrado em Botânica, em 1973, por meio de um convênio firmado com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O curso funcionou até 1975 nessa universidade. Posteriormente, com o término da vigência do convênio, o curso funcionou no Campus Dois Irmãos, e a primeira dissertação defendida na UFRPE foi apresentada em 21 de dezembro de 1976.
Ainda na década de 1970, houve a criação de dois campi avançados da Universidade. Em 1975, por iniciativa do professor José Vasconcelos Sobrinho, foi criada a Estação Ecológica de Tapacurá, nas terras remanescentes do Engenho São Bento, em São Lourençoda Mata. A partir do desenvolvimento de pesquisas em Botânica, Zoologia e Ecologia, a Estação tornou-se referência nacional no tema da preservação e reflorestamento de espécies da flora brasileira, como o pau-brasil.
Em 1979, a cidade de Garanhuns, no agreste pernambucano, viu nascer a Clínica de Bovinos, graças a uma parceria com a Secretaria de Agricultura do Estado de Pernambuco. Desde então, a Clínica desenvolve ações nas áreas de clínica médica e cirúrgica, análises laboratoriais em ruminantes e equinos, bem como atuando na pesquisa e na formação inicial e continuada de médico(a)s veterinário(a)s de Pernambuco e do Brasil, além de receber pesquisadore(a)s de outros países.
No entanto, ao mesmo tempo em que expandia seus cursos, a UFRPE também sofria as consequências do momento político que o país atravessava. Por exemplo, em 1975, a estrutura administrativa da Universidade continha a Assessoria de Segurança e Informação (ASI), órgão que se reportava à Divisão de Segurança e Informação do Ministério da Educação (DSI/ MEC), notificando qualquer ocorrência relativa à “segurança nacional” (UFRPE, 1975, p. 7). Isso significava, na prática, monitorar docentes, técnico(a)s e discentes por meio de escutas clandestinas, intervenção na escolha de gestore(a)s, seleção bibliográfica, vigilância de eventos, interceptação de correspondência, dentre outras práticas utilizadas pelo Estado de exceção (MOTTA, 2008). Sanções eram aplicadas a quem participasse de atos ou distribuísse materiais considerados subversivos (UFRPE, 1985; BRASIL, 1969). Foi em função desse contexto político de vigilância e repressão que o estudante do curso de Agronomia, Odijas Carvalho de Souza, então com 26 anos de idade, foi preso e torturado por 17 horas entre os dias 30 e 31 de janeiro de 1971 nas dependências do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS/PE). Como decorrência das torturas, faleceu no Hospital da Polícia Militar no dia 8 de fevereiro (PERNAMBUCO, 2017, p.176). Como forma de homenageá-lo, a UFRPE o rematriculou em 2012, durante as comemorações do centenário dos primeiros cursos da Instituição. Odijas também se tornou o patrono do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Na década de 1980, reformulou-se o curso de Licenciatura em Ciências com suas habilitações, surgindo quatro novos cursos de Licenciatura Plena: Física, Química, Matemática e Ciências Biológicas. Em 1990, surgiram os cursos de Licenciatura em História, Bacharelado em Ciências Sociais e Bacharelado em Ciências Econômicas. Em 1993, a UFRPE abre o seu primeiro curso de Doutorado, em Botânica. A primeira tese defendida na Universidade ocorreu em 1995.
Nos anos 2000, a UFRPE vivenciou uma expansão de suas atividades, com a criação de cursos de graduação na Sede e em novas Unidades Acadêmicas, através do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). A primeira dessas Unidades – tendo sido também o primeiro campus do Programa de Expansão e Interiorização da Educação Superior do Governo Lula – foi instalada na cidade de Garanhuns. Tendo iniciado suas atividades no segundo semestre de 2005, a Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG) passou a ofertar cursos de Agronomia, Licenciatura em Pedagogia, Licenciatura em Letras, Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos, Medicina Veterinária e Zootecnia. Em 2019, a UAG se tornou autônoma, constituindo a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape). |
Unidade Acadêmica de Garanhuns, hoje Ufape
|
Ainda em 2005, o Conselho Universitário da UFRPE aprovou a criação de outra Unidade Acadêmica, dessa vez no sertão do Estado, na cidade de Serra Talhada, onde a UFRPE dispunha do Centro de Treinamento e Pesquisa em Pequena Irrigação (CTPPI), instalado na Fazenda Saco. A Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) iniciou suas atividades em 2006, com os cursos de graduação em Agronomia, Bacharelado em Ciências Biológicas, Ciências Econômicas, Engenharia de Pesca, Sistemas de Informação e Licenciatura Plena em Química. |
Unidade Acadêmica de Serra Talhada
|
Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia. Na foto, instalações do campus Dois Irmãos
|
Ao mesmo tempo em que expandia a oferta de cursos de graduação presenciais no interior, a UFRPE, em consonância, inicialmente, com o Programa Pró-licenciatura, em 2005, e, posteriormente, em 2006, com o Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), também implementou a modalidade Educação a Distância (EAD). O primeiro curso EAD ofertado foi Licenciatura em Física, com a adesão ao Pró-licenciatura em 2005. Em 2010, foi criada a Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia (UAEADTec), que possui 8 cursos de graduação e 3 cursos de pós-graduação lato sensu em polos nos estados de Pernambuco e Bahia, além de 2 programas de pós-graduação stricto sensu – PPGTEG e Progel. Sua sede administrativa fica no campus Dois Irmãos, no Recife. |
Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho (prédio provisório)
|
Sempre aliando tradição e vanguarda, a UFRPE implantou, em 2014, a Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho (UACSA), com o objetivo de fortalecer o desenvolvimento dos polos industriais da região e do país, por meio da formação de recursos humanos qualificados, da realização de pesquisas de ponta e projetos de inovação tecnológica com a formação de parcerias institucionais. A Unidade oferece 10 cursos, entre bacharelados em Engenharia (Eletrônica, Elétrica, Mecânica, Civil e Materiais) e superiores em Tecnologia (Automação Industrial, Transmissão e Distribuição Elétrica, Processos Industriais, Edificações e Gestão da Produção Industrial). Atualmente, a UACSA funciona em prédio provisório. |
Em 2017, o Conselho Universitário, com a Resolução Consu/UFRPE no 098/2017 (UFRPE, 2017g), aprovou a criação da Unidade Acadêmica de Belo Jardim (UABJ), para atender às demandas de qualificação profissional nas áreas de Engenharia da região. De forma semelhante ao projeto da UACSA, a UABJ oferta cursos superiores em Tecnologia (Eletrônica Industrial, Redes de Computadores, Processos Químicos, Gestão de Recursos Hídricos) e bacharelados em Engenharia (Controle e Automação, Computação, Química e Hídrica). Está instalada em prédio provisório. |
Unidade Acadêmica de Belo Jardim (prédio provisório)
|
2.2. Áreas de Atuação Acadêmica
A UFRPE dispõe de infraestrutura acadêmica e administrativa composta por mais de 1.200 docentes, mais de mil técnico(a)s-administrativo(a)s e mais de 500 trabalhadore(a)s terceirizado(a)s, além de cerca de 17 mil discentes. Oferta cursos de graduação, pós-graduação e de educação básica, técnica e tecnológica, além de desenvolver projetos de ensino, pesquisa, extensão e inovação em leque variado de áreas. A Instituição está presente em todas as regiões do estado de Pernambuco, além de parte da Bahia, por meio de Unidades Acadêmicas, Estações de Pesquisa e Polos de Educação a Distância (EAD). Isso representa um universo de 31 municípios que contam com uma ou mais ações da Universidade.
Figura 2–Presença Regional da UFRPE
Fonte: UAEADTec/UFRPE (2021).
A atuação da UFRPE pode ser sucintamente apresentada por meio de sua Identidade Organizacional, a saber: Missão, Visão de Futuro e Valores Organizacionais.
Semear conhecimento, inovação e inclusão, por meio de atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão, atenta à complexidade, pluralidade e diversidade dos anseios da sociedade |
Destacar-se, nacional e internacionalmente, pelo protagonismo e pela responsabilidade no enfrentamento dos desafios e diante das transformações da universidade pública |
Autonomia | Integridade | Diálogo | Transparência | Inovação | Inclusão | Respeito à diversidade e aos saberes populares | Equidade | Ética | Sustentabilidade |
2.2.1. Ensino
2.2.1.1. Educação Básica, Técnica e Tecnológica
O Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da UFRPE (Codai), unidade de ensino da UFRPE, oferta cursos de educação profissional técnica de nível médio, ensino médio propedêutico e de cursos de formação inicial e continuada, em suas respectivas áreas de atuação. Sua missão é promover educação profissional e tecnológica de qualidade, alinhada às demandas da sociedade, integrando ensino, pesquisa, extensão e gestão na formação de cidadãos e cidadãs e profissionais ético(a)s.
O Codai integra o sistema federal de ensino vinculado ao Ministério da Educação, criado pela Lei no 11.892, de 29 de dezembro de 2008 (BRASIL,2008b) , que configurou um contexto de aumento, interiorização e diversificação da educação profissional e tecnológica do Brasil. Por integrar a rede, possui autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar.
No colégio, são realizadas ofertas regulares de processo de seleção de cursos nas modalidades presencial e a distância. Os cursos presenciais são de Ensino Médio propedêutico, Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio e os cursos técnicos subsequentes de Agropecuária, Alimentos e Administração. Na oferta de cursos a distância, possui os cursos técnicos subsequentes em Alimentos, Administração, Meio Ambiente e Açúcar e Álcool e, no conjunto do Programa Novos Caminhos do Ministério da Educação, a oferta de cursos de formação inicial: Produtor de derivados do leite, Agente de alimentação escolar, Auxiliar de fiscalização ambiental, Microempreendedor Individual (MEI), Assistente administrativo e Assistente de recursos humanos.
Atualmente, também oferta cursos de qualificação profissional destinados a mulheres em situação de vulnerabilidade social, em parceria com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, através da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
O(a)s estudantes da Educação Profissional, Científica e Tecnológica da UFRPE contam com o Programa Bolsa de Trabalho Aluno Colaborador (PBTAC), instituído pela Resolução no 102/2003 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), de 18/03/2003 (UFRPE, 2003), que tem como objetivo a concessão de bolsas a estudantes do Codai,dando-lhes a oportunidade de vivenciar a iniciação ao mundo do trabalho e ao exercício da cidadania, através da colaboração ativa e responsável para o melhor funcionamento de setores ligados ao ensino do colégio.
2.2.1.2. Educação Superior – Graduação
A UFRPE oferta anualmente mais de 3.780 vagas em 55 cursos de graduação. O campus Sede, em Dois Irmãos, possui 28 cursos, concentrando 52% dos cursos; a UAST oferta nove, representando 17%; a UACSA, com oferta de cinco cursos, representa 9%; e a UABJ oferta quatro cursos, 7% do total. Na UAEADTec, são ofertados oito cursos de graduação na modalidade a distância, correspondendo a 15% das graduações, sendo dois bacharelados e seis licenciaturas, em 14 polos, sendo 11 em Pernambuco e três na Bahia.
Cabe destacar que, no último Índice Geral de Cursos (IGC) da UFRPE, de 2018, apresentou o conceito 4. Em 2019, houve a criação da nova Unidade Acadêmica da UFRPE, a Unidade Acadêmica de Belo Jardim (UABJ), com a publicação da Portaria no 178, de 5 de março de 2018, que homologa o Parecer CNE/CES no 12/2018, da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2018f). Localizada no município de Belo Jardim-PE, e com Resolução no 98, aprovada pelo Conselho Universitário em 7 de dezembro de 2017 (UFRPE, 2017g), a nova unidade oferta quatro cursos de Engenharias: Hídrica, Química, Computação e de Controle e Automação. A UABJ oferece a possibilidade de diplomação intermediária de tecnólogo, assim como os cursos de Engenharia da UACSA.
Os cursos de graduação da UFRPE estão classificados, no quadro seguinte, de acordo com as Áreas de Conhecimento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Vale salientar o caráter inovador de cursos como Agroecologia, Ciências do Consumo e Aquicultura, distribuídos a partir do perfil da maioria das disciplinas ofertadas pela Matriz Formativa. Observa-se a porcentagem de oferta nas informações apresentadas a seguir:
Quadro 1: Área de Conhecimento x Curso de Graduação
GRANDE ÁREA DE CONHECIMENTO | CURSOS DE GRADUAÇÃO |
CIÊNCIAS AGRÁRIAS 13 cursos - 23% da oferta |
Agroecologia Sede. |
CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA 12 cursos - 22% da oferta |
Ciência da Computação Sede. Computação Sede. Computação Lic. Sede. Computação Lic. EAD. Física Lic. Sede. Física Lic. EAD. Matemática Lic. Sede. Química Lic. Sede. Química Lic. UAST. Sistemas de Informação Sede. Sistemas de Informação EAD. Sistemas de Informação UAST. |
CIÊNCIAS HUMANAS 05 cursos - 9% da oferta |
Ciências Sociais Sede. História Lic. Sede. História Lic. EAD. Pedagogia Lic. Sede. Pedagogia Lic. EAD. |
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 08 cursos - 15% da oferta |
Administração Sede. Administração UAST. Administração Pública EAD. Ciências Econômicas Sede. Ciências Econômicas UAST. Economia Doméstica Sede. Gastronomia Sede. Ciências do Consumo Sede. |
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 03 cursos - 5% da oferta |
Ciências Biológicas Sede. Ciências Biológicas UAST. Ciências Biológicas Lic. Sede. |
CIÊNCIAS DA SAÚDE 01 cursos - 2% da oferta |
Educação Física Lic. Sede. |
ENGENHARIAS / TECNOLOGIA 09 cursos - 17% da oferta |
Engenharia Civil UACSA. Engenharia de Computação UABJ. Engenharia de Controle e Automação UABJ. Engenharia de Materiais UACSA. Engenharia Elétrica UACSA. Engenharia Eletrônica UACSA. Engenharia Hídrica UABJ. Engenharia Mecânica UACSA. Engenharia Química UABJ. |
LINGUÍSTICAS, LETRAS E ARTES 04 cursos - 7% da oferta |
Artes Visuais Lic. EAD. Letras – Português e Espanhol Lic. Sede. Letras – Português Lic. EAD. Letras – Português e Inglês Lic. UAST. |
Com o intuito de garantir uma formação acadêmico-profissional de qualidade, a UFRPE vem fortalecendo os programas acadêmicos para os estudantes de graduação. Entre esses programas estão:
1. Monitoria acadêmica;
2. Programa de Atividades de Vivências Interdisciplinares (PAVI);
3. Programa Institucional de Bolsas de Incentivo Acadêmico(PIBID);
4. Programa de Educação Tutorial (PET);
5. Regime Especial de Movimentação Temporária (REMT);
6. Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G);
7. Mobilidade Nacional da Andifes.
O(a)s discentes têm, ainda, a oportunidade de apresentar os resultados de suas vivências e projetos no maior evento da UFRPE, a Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão (Jepex). A Jornada reúne uma série de eventos relacionados a cada uma das três grandes áreas de atuação da Universidade. A Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PREG) coordena os seguintes eventos:
• Congresso de Iniciação Acadêmica (Conbia) para estudantes vinculados às atividades da Bolsa de Iniciação Acadêmica (BIA).
• Encontro do Programa de Educação Tutorial (Epet) para estudantes vinculados ao programa.
• Congresso Nacional da Docência (Conad), que contempla os programas Parfor (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica), Pavi (Programa de Atividades de Vivência Interdisciplinar) e Renafor (Rede Nacional de Formação Inicial e Continuada de Profissionais da Educação Básica).
• Congresso de Iniciação à Docência (Conid), que se destaca como evento dedicado a atividades de docência durante a graduação, principalmente por meio das monitorias e os bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) e do programa de Residência Pedagógica.
2.2.1.3. Educação Superior – Pós-graduação
Há mais de 40 anos, a UFRPE criou os primeiros cursos de Pós-Graduação stricto sensu e vem crescendo em quantidade e qualidade para chegar aos atuais 42 programas. Na última avaliação dos Programas de Pós-Graduação (PPG) da Instituição, promovida pela Capes, em 2017, a UFRPE conseguiu obter nota 6/Excelência) em dois dos seus PPG stricto sensu: Engenharia Agrícola e Entomologia. Vários outros PPG têm nota 5 e 4, indicando a maturidade da UFRPE na qualidade da pós-graduação.
A Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) tem por finalidade assessorar a Reitoria nas atividades de pós-graduação, cuja missão está orientada abaixo:
• Propor e acompanhar o desenvolvimento de políticas, programas, projetos e ações de articulação e cooperação, internas e externas, com vistas ao aprimoramento da pós-graduação.
• Promover, coordenar, supervisionar e apoiar o ensino de pós-graduação, visando ao crescimento, à disseminação e à internacionalização da pós-graduação.
• Coordenar o atendimento às demandas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e de outros órgãos externos, no limite de suas competências.
• Subsidiar o aprimoramento dos resultados institucionais a partir de indicadores de desempenho.
• Impulsionar parcerias intra e interinstitucionais.
A UFRPE possui 42 programas de pós-graduação, conforme Quadro 2, abaixo:
Quadro 2: Programas de Pós-Graduação da UFRPE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO | COLÉGIOS | GRANDE ÁREA | ÁREAS |
Agronomia (Melhoramento Genético de Plantas) | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Ciência do Solo | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Entomologia | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Fitopatologia | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Biometria e Estatística Aplicada | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Ciências Florestais | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Engenharia Agrícola | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Produção Agrícola | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Produção Vegetal | Ciências da Vida | Ciências Agrárias | Agrárias I |
Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos | Ciências da Vida | Ciências da Saúde | Farmácia |
Biodiversidade | Ciências da Vida | Ciências Biológicas | Biodiversidade |
Etnobiologia e Conservação da Natureza | Ciências da Vida | Ciências Biológicas | Biodiversidade |
Biodiversidade e Conservação | Ciências da Vida | Ciências Biológicas | Biodiversidade |
Biociência Animal |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Medicina Veterinária |
Medicina Veterinária |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Medicina Veterinária |
Saúde Única |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Medicina Veterinária |
Sanidade e Reprodução de Animais de Produção |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Medicina Veterinária |
Recursos Pesqueiros e Aquicultura |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Zootecnia / Recursos Pesqueiros |
Zootecnia |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Zootecnia / Recursos Pesqueiros |
Ciência Animal e Pastagens |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Zootecnia / Recursos Pesqueiros |
Ciência e Tecnologia de Alimentos |
Ciências da Vida |
Ciências Agrárias |
Ciência do Alimento |
Ciências Ambientais |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Multidisciplinar |
Ciências Ambientais |
Ensino das Ciências |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Multidisciplinar |
Ensino |
Rede Nordeste de Ensino - RENOEN |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Multidisciplinar |
Ensino |
Biotecnologia - RENORBIO |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Multidisciplinar |
Biotecnologia |
Agroecologia e Desenvolvimento Territorial |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Multidisciplinar |
Interdisciplinar |
Física Aplicada |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Ciências Exatas e da Terra |
Astronomia / Física |
Ensino de Física – PROFFIS |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Ciências Exatas e da Terra |
Astronomia / Física |
Informática Aplicada |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Ciências Exatas e da Terra |
Ciência da Computação |
Engenharia Ambiental |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Engenharias |
Engenharia I |
Engenharia Física |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Multidisciplinar |
Materiais |
Química |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Ciências Exatas e da Terra |
Química |
Química em Rede Nacional – PROFQUI |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Ciências Exatas e da Terra |
Química |
Matemática em Rede Nacional – PROFMAT |
Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar |
Ciências Exatas e da Terra |
Matemática / Probabilidade e Estatística |
Administração e Desenvolvimento Rural |
Humanidades |
Ciências Sociais Aplicadas |
Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo |
Controladoria |
Humanidades |
Ciências Sociais Aplicadas |
Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo |
Administração Pública em Rede Nacional – PROFIAP |
Humanidades |
Ciências Sociais Aplicadas |
Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo |
Educação, Cultura e Identidades |
Humanidades |
Ciências Humanas |
Educação |
Tecnologia e Gestão em Educação a Distância |
Humanidades |
Ciências Humanas |
Educação |
Estudos da Linguagem |
Humanidades |
Linguística, Letras e Artes |
Linguística e Literatura |
Letras – PROFLETRAS |
Humanidades |
Linguística, Letras e Artes |
Linguística e Literatura |
História |
Humanidades |
Ciências Humanas |
História |
Ressalte-se o caráter interinstitucional de alguns dos PPG listados anteriormente, cujas coordenações estão em outras instituições, por exemplo:
- Doutorado em Biotecnologia (Renorbio): rede formada por 37 instituições, das quais 13 podem emitir diplomas de Doutorado.
- Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos (PPGDITM): UFRN, UFRPE, UFPB, UFC (doutorado).
- Etnobiologia e Conservação da Natureza (PPGEtno): UFRPE, URCA, UEPB (mestrado e doutorado. Coordenado pela UFRPE).
- Educação, Cultura e Identidades (PPGECI): UFRPE e FUNDAJ (mestrado).
Outros são de natureza profissional, sendo ofertados em grandes redes nacionais; são eles:
- PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática, coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática.
- PROFFIS - Mestrado Profissional em Ensino de Física, coordenado pela Sociedade Brasileira de Física.
- PROFLETRAS - Mestrado Profissional em Letras, coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
- PROFQUI - Mestrado Profissional em Química, coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Os PPG acima são destinados essencialmente a professore(a)s da Educação Básica, principalmente da rede pública de ensino, a fim de aumentar a qualificação em sala de aula. Do(a)s estudantes, espera-se que seus produtos finais sejam prioritariamente ferramentas de uso didático direto.
A UFRPE ainda participa do Mestrado Profissional em Administração Pública (PROFIAP), coordenado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), cujo público-alvo prioritário são servidore(a)s técnico(a)s-administrativo(a)s, principalmente das universidades federais.
Pelo elevado padrão agrário no perfil da pós-graduação da UFRPE, o resultado das pesquisas realizadas na Instituição, a partir da conclusão dos cursos, tem forte impacto econômico e social. Destacam-se, também, resultados voltados à inovação tecnológica, na esteira do conhecimento, que estão na base de vários PPG.
Vale destacar que a UFRPE vem contribuindo também com o desenvolvimento socioeconômico do estado e do país a partir das pesquisas das Humanidades, que tratam de questões sociais, educação básica e qualificação de recursos humanos.
A Universidade também oferta cursos de pós-graduação lato sensu regularmente, com papel relevante na formação de profissionais atuantes nas diferentes áreas de conhecimento no nível de especialização. A primeira pós-graduação nessa modalidade, o curso de Especialização em Fruticultura, foi realizada, inicialmente, em 1974. Novos projetos de especialização foram aprovados, e cursos nas áreas de ciências agrícolas, biológicas, humanas, sociais, exatas e da terra vêm sendo ofertados.
Adicionalmente, a Universidade, através de seus departamentos, desenvolve cursos voltados à comunidade externa, bem como a servidore(a)s federais interessado(a)s em aperfeiçoar sua atuação através da discussão e apreensão de novos aportes teóricos e práticos.
Políticas de inclusão, acessibilidade e ações afirmativas na pós-graduação
A Universidade está alerta à política de inclusão, acessibilidade e ações afirmativas para estudantes de pós-graduação, a partir de ações de incentivo para o acesso de minorias, tanto na concessão de bolsas de estudo quanto na acessibilidade aos locais do campus.
Foi publicada, no ano de 2018, a Resolução nº 048/2018– Cepe/UFRPE (UFRPE, 2018d), que dispõe sobre política de ações afirmativas para negro(a)s - preto(a)s e pardo(a)s, indígenas, pessoas com deficiência ou pessoas trans na pós-graduação stricto sensu na UFRPE, amparadas na norma constitucional e na legislação federal. São medidas legais que se fundamentam em princípios de reparação e compensação das desigualdades sociais históricas no Brasil. As ações afirmativas, na UFRPE, notabilizam a visão e a missão desta IFES, no que diz respeito aos objetivos gerais do ensino superior brasileiro, previstos na LDB no 9394/1996 (BRASIL, 1996b), evidenciando o quanto a UFRPE, nos âmbitos do ensino, da extensão e da pesquisa, tem demonstrado preocupação sobremaneira com a formação inicial e continuada de profissionais crítico(a)s, criativo(a)s e cuidadoso(a)s, conscientes de direitos e deveres nas instâncias individuais e coletivas.
2.2.3. Pesquisa
Em 2020, foi criado o Núcleo de Pesquisa (Nupesq), vinculado ao Instituto de Inovação, Pesquisa e Empreendedorismo (Ipê), com a finalidade de gerenciar a pesquisa na UFRPE. A integração da área de pesquisa às áreas correlatas vem contribuindo com o alcance da visão estratégica institucional. Define como objetivo estratégico para a pesquisa: fortalecer e diversificar as atividades de pesquisa através de parcerias no âmbito público e privado; e prescreve como diretriz: estimular o intercâmbio e a cooperação nacional e internacional, como forma de melhoria da qualidade da produção científica. O Nupesq é responsável pelo planejamento, proposição, coordenação e avaliação das políticas de pesquisa científica e tecnológica da UFRPE; pelo estabelecimento de vínculos necessários junto aos agentes externos como agências governamentais de apoio à pesquisa, outras instituições de pesquisa e demais organismos nacionais e internacionais para ampliar as ações de cooperação científica e de financiamento à pesquisa; e pela supervisão dos projetos de infraestrutura em pesquisa e o cadastramento e acompanhamento dos projetos e das bases de pesquisa da UFRPE e do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
O Nupesq é dividido em três coordenadorias: Coordenadoria de Fomento e Apoio à Pesquisa (Copesq), Coordenadoria do Centro de Apoio à Pesquisa (Cenapesq), e Coordenadoria de Gestão de Programas de Pesquisa e da Produção Científica e Tecnológica (CGPROD).
À Copesq compete: procurar, divulgar, articular e apoiar a participação institucional em oportunidades externas - editais, chamadas, auxílios, projetos, programas - de fomento à pesquisa; coordenar e apoiar as ações institucionais de captação de recursos externos de origem pública e privada, nacional ou internacional, para financiamento de projetos de pesquisa; estimular, articular a criação e apoiar as redes colaborativas de pesquisa intrainstitucional e interinstitucional; controlar o processo de formalização de grupos de pesquisa institucionais; controlar e apoiar projetos e grupos de pesquisa.
A Cenapesq tem a missão de: controlar a manutenção - acesso, limpeza, segurança, serviços terceirizados - do espaço físico do Cenapesq; controlar as manutenções preventivas e corretivas de equipamentos instalados no setor; controlar a prestação de serviços de pesquisa no âmbito do Cenapesq.
Os principais programas gerenciados pela Coordenadoria de Gestão de Programas de Pesquisa e da Produção Científica e Tecnológica (CGPROD) são:
- O Programa de Iniciação Científica (PIC) tem por principal objetivo despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes de graduação universitária, mediante participação em projetos de pesquisa orientados por pesquisador(a) qualificado(a), bem como estimular maior articulação entre a graduação e a pós-graduação. O programa é apoiado pelo CNPq, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/CNPq/UFRPE), e conta também com o suporte financeiro do Instituto Ipê/UFRPE), que concede bolsas custeadas com recursos da própria Universidade. Além disso, docentes da UFRPE podem concorrer a cotas, que são concedidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Pernambuco (Facepe). Essas modalidades de bolsas são concedidas por um período de 12 meses. Adicionalmente, a UFRPE criou o Programa de Iniciação Científica Voluntária (PICV), em que são concedidas cotas de orientação a docentes/pesquisadore(a)s sem concessão de bolsas a discentes.
- O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica de Ações Afirmativas (Pibic-AF) tem por missão complementar as ações afirmativas já existentes na Universidade, possibilitando ao(à)s estudantes beneficiado(a)s pelas políticas afirmativas a participação em atividades acadêmicas de iniciação científica, através da oferta de cotas de bolsa específicas.
- O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (Pibic-EM) objetiva despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes dos Ensinos Médio e Profissional da rede pública, mediante sua participação em atividades de pesquisa científica ou tecnológica, orientadas por docente/pesquisador(a) qualificado(a), em instituições de ensino superior ou institutos e centros de pesquisas. O Pibic-EM recebe apoio financeiro do CNPq e visa ainda a estimular o(a) estudante ao desenvolvimento do pensamento científico, tecnológico e artístico-cultural, com o aprimoramento do espírito crítico e a aprendizagem de técnicas e métodos científicos.
O(a)s estudantes vinculados a esses programas apresentam os resultados de seus trabalhos nos eventos específicos da área de pesquisa na Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão (Jepex/UFRPE): Congresso de Iniciação Científica (CIC), para os discentes do Pibic/PIC; Congresso de Iniciação Científica – Ensino Médio (CIC-EM), para discentes do Pibic-EM; e o Congresso de Iniciação em Tecnologia e Inovação (CITI), para discentes do Pibiti. Para discentes de mestrado e doutorado da UFRPE, o Simpósio de Pós-Graduação (Simpós) representa o espaço de divulgação dos resultados parciais ou finais de suas pesquisas. O Simpós também é aberto a pesquisadore(a)s interno(a)s e externo(a)s à Instituição.
A Universidade conta com 218 grupos de pesquisa, além de programas institucionais de fomento e de infraestrutura, como o Centro de Apoio à Pesquisa (Cenapesq). Também se destacam os campi avançados, como a Clínica de Bovinos e as Estações Ecológica de Tapacurá, de Agricultura Irrigada de Parnamirim, de Agricultura Irrigada de Ibimirim e Experimentais de Cana-de-açúcar do Carpina e de Pequenos Animais do Carpina, onde são desenvolvidas pesquisas e ações com impacto no desenvolvimento socioeconômico e ambiental, desde a Zona da Mata até o sertão de Pernambuco.
2.2.4. Extensão
A Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Cidadania (Proexc/UFRPE), desde meados de 2020, está em processo de reestruturação. Esse processo visa a consolidar uma concepção de extensão universitária sintonizada com o que preconiza a Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, que estabeleceu as diretrizes para a extensão na educação superior brasileira e regimentou o disposto na Meta 12.7 de nº 13.005/2011, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024.
Concebe-se a extensão universitária como atividade que integra a formação acadêmica por intermédio da articulação com pesquisa e ensino, em uma perspectiva inter e transdisciplinar, mediada por processos culturais, científicos e tecnológicos, que promovem interações transformadoras entre instituições de ensino superior e outros setores da sociedade. Particularmente, os segmentos em condições de maior vulnerabilidade social e cultural, pelas desigualdades estruturais presentes na sociedade.
Acredita-se que as ações transformadoras devem ser desenvolvidas por meio da produção, do compartilhamento e do diálogo entre saberes, em articulação criativa permanente entre a extensão, o ensino, a pesquisa e os conhecimentos culturais tradicionais.
Nessa perspectiva, a extensão, na UFRPE, passou por transformações importantes, nos últimos anos, a partir de modificações no regimento e estrutura organizacional do órgão responsável, que passou a ser denominado Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Cidadania (PROExC), antiga Pró-Reitoria de Extensão. Foram criados, por meio da Resolução no 059/2020 – Consu/UFRPE, dois setores: Coordenação de Gestão de Programas, Projetos e Eventos e Coordenação de Direitos Humanos, Ações Afirmativas e Diversidades (UFRPE, 2020j). Essas coordenações visam a aperfeiçoar os procedimentos de gestão das ações de extensão e coordenar, de modo transversal amplo, um Programa de Ações Afirmativas que desenvolva atividades diversificadas nas ações de pesquisa, ensino, extensão e gestão. Essas ações transversais são desenvolvidas junto à comunidade acadêmica e à sociedade.
Foi criado, em 2021, o Fórum Permanente de Extensão, Cultura e Cidadania (Forpexc), com o objetivo de ampliar os processos participativos nessas atividades. Trata-se de espaço de interlocução democrática fundamental para articular e contribuir com os processos de formulação, sistematização, implementação e avaliação das ações de extensão, cultura e cidadania. Esses espaços de participação ativa da comunidade acadêmica e da sociedade vêm trazendo maior organicidade entre as atividades transformadoras da extensão universitária.
Por meio da PROExC, a UFRPE integra diferentes redes de articulação transinstitucionais. Participa do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (Forproex), que articula as gestões de extensão das IFES e, em Pernambuco, prioriza a integração e o fortalecimento da iniciativa inédita de cooperação interuniversitária entre as principais instituições de ensino superior do estado, o Consórcio Pernambuco Universitas.
A Política de Extensão, Cultura e Cidadania da UFRPE vem se consolidando a partir de processo que conta com a participação de discentes, servidore(a)s técnico(a)s e docentes, em 16 grupos de trabalho instituídos a partir das oito áreas temáticas da Política Nacional de Extensão. Os programas de extensão contribuem com a articulação das ações de extensão - projetos, cursos, eventos, prestação de serviços - voltadas a um objetivo comum, organicamente integrado às políticas de pesquisa e ensino da Universidade. Eles se conectam com as oito áreas temáticas definidas pela Política Nacional de Extensão Universitária do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras.
A formulação, a concepção e a implementação da política, na UFRPE, são guiadas por abordagem transversal que incorpora os fundamentos do feminismo, de uma educação antirracista, da sustentabilidade ecológica, da diversidade sociocultural e da participação dialógica.
2.2.5. Gestão
A gestão democrática, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - Lei nº 9.394/1996 (BRASIL,1996b), é considerada o principal elemento de integração entre a educação e a sociedade. As instituições de natureza educacional, portanto, devem aproximar-se da comunidade, integrando-se de maneira participativa e dialógica.
As IFES, em cenário de constantes e rápidas transformações sociais, econômicas e políticas, enfrentam o desafio de repensar a gestão institucional de maneira democrática e estratégica, adequando-se aos novos rumos globais e aos princípios de participação social, transparência e coerência com as demandas sociais contemporâneas. Dessa forma, a gestão democrática e inclusiva, aliada ao princípio da autonomia, marca o perfil da gestão da UFRPE, que busca a excelência por meio do estreitamento dos canais de diálogo e da atenção às principais questões da comunidade universitária e da sociedade. Esse perfil, que vem sendo desenhado e aprimorado, baseia-se na participação dos principais segmentos que compõem a Universidade – docentes, discentes e técnico(a)s-administrativo(a)s – em processos de gestão, tomada de decisões e descentralização de ações.
O cenário de consolidação do processo de expansão de vagas e a criação de novos cursos e das Unidades Acadêmica de Belo Jardim (UABJ), de Serra Talhada (UAST), de Educação a Distância e Tecnologia (UAEADTec), do Cabo de Santo Agostinho (UACSA) e do campus do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (Codai) trazem desafios para a gestão, tanto do ponto de vista acadêmico quanto do administrativo.
Desde o ano de 2004, com a implantação do Programa de Expansão e Interiorização do Ensino Superior e do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) pelo Governo Federal, a UFRPE se fortaleceu no crescimento de sua estrutura física e acadêmica e também no alcance de seu papel social. Junto à criação de unidades acadêmicas em diferentes regiões do Estado, da ampliação de vagas e da oferta de cursos, multiplicaram-se as inovações pedagógicas, ações afirmativas, políticas de cotas e mecanismos de transparência e cidadania dentro do propósito nacional de diminuição das desigualdades sociais, apoiado por modelos de gestão que valorizam a inovação, modernização e eficiência.
A partir do desenho do novo perfil institucional e em consonância com a voz participativa de docentes, discentes e técnico(a)s, nas reuniões de construção do planejamento estratégico, busca-se a reorganização administrativa como elemento essencial para esse novo momento da Instituição, no esforço pelo avanço na melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa, da extensão e da própria gestão. Esse novo modelo de gestão contribuiu para o desempenho da missão organizacional da UFRPE, bem como para o alcance da visão 2020 – consolidar-se como universidade pública de excelência, fundamentada na gestão participativa – e para alcançar a nova visão de futuro 2030 – destacar-se nacional e internacionalmente pelo protagonismo e pela responsabilidade no enfrentamento dos desafios e diante das transformações da universidade pública. Para tanto, projeta-se, nesse caminho, continuar privilegiando os valores: autonomia, integridade, diálogo, transparência, inovação, inclusão, respeito à diversidade e aos saberes populares, equidade, ética e sustentabilidade, sem perder de vista os objetivos estratégicos definidos.
2.2.6. Inovação
As ações de empreendedorismo e inovação na UFRPE eram gerenciadas pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT/UFRPE), instituído mediante Resolução n° 456/2008 – Cepe/UFRPE (UFRPE. 2008). O trabalho desse núcleo foi embasado na legislação vigente: Lei da Propriedade Industrial nº 9.279, de 14 de maio de 1996 (BRASIL, 1996a), que regula direitos e obrigações relativos à Propriedade Industrial (PI); Lei do Software nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998 (BRASIL, 1998), que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no Brasil e dá outras providências; Lei de Inovação Tecnológica, nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004c), que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências; e o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016 (BRASIL, 2016f), que dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação e altera diversas leis por meio de termos da Emenda Constitucional n.º 85, de 26 de fevereiro de 2015.
Seguindo esses preceitos e baseado nos mesmos pilares do NIT, foi proposto novo arranjo organizacional para a UFRPE, com a criação do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação (NEI), em 2020, unidade organizacional do Instituto Ipê responsável pelo fomento e apoio à inovação e ao empreendedorismo e pelo fortalecimento da cultura empreendedora, envolvendo a transferência tecnológica.
A atuação do NEI já vem alinhada com a estratégia institucional indicada no PDI anterior -2013-2020 (UFRPE, 2018l), que define a promoção da cultura da inovação, por meio de mecanismos de estímulo, orientação e apoio à comunidade, da divulgação das ofertas internas e do estímulo ao empreendedorismo, em prol das atividades-fim da universidade, fomentando ainda mais a inovação e o empreendedorismo. Esse incentivo se dá através da promoção da propriedade intelectual de produtos criados na Instituição, criação de eventos relacionados à inovação e ao empreendedorismo e modificação de grades curriculares com a finalidade de atender a tal propósito.
Para colaborar com essas ações, o NEI conta com a Coordenadoria de Fomento e Apoio ao Empreendedorismo (Cempre) e a Coordenadoria de Fomento e Apoio à Inovação e à Propriedade Intelectual (Cinova). A partir da sua criação, a Cempre vem executando programas como o Programa de Iniciação ao Empreendedorismo (Piemp); Rede de Mentores, Maratona de Empreendedorismo, Hub de Empresas Juniores e Ligas Acadêmicas (Hela), Capacitação ao Empreendedorismo, Balcão de Ideias, Empreendedorismo Feminino e Social, Empreenda sua Aula, Empreendedor na Empresa, além de contar com a Incubadora de Empresas da UFRPE (Incubatec), que está ligada a programas da Cempre e da Cinova. Além dos programas supracitados, a Cempre ainda atua mapeando, acompanhando e apoiando as disciplinas relacionadas ao empreendedorismo em nível de graduação e pós-graduação da UFRPE.
Já a Cinova vem atuando em programas/ações como os Postos Avançados de Inovação e Pesquisa Aplicada, Vitrine Tecnológica, Balcão de Propriedade Intelectual, Matchday, Gestão da Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia. A coordenadoria ainda é responsável pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti), voltado para discentes de graduação da Universidade. Ademais, mapeia, acompanha e presta apoio às disciplinas relacionadas à inovação em nível de graduação e pós-graduação, visando a instrumentalizar o desenvolvimento tecnológico e a inovação.
Em 12 de junho de 2017, foi aprovada a Resolução Nº 034/2017 –Consu/UFRPE (UFRPE, 2017d), que dispõe sobre a Política de Propriedade Intelectual, a transferência de tecnologia e os direitos da propriedade resultantes da produção intelectual da UFRPE e dá outras providências, que foi elaborada a partir da legislação vigente. Um dos marcos dessa política é a possibilidade do desenvolvimento de projetos conjuntos entre a Universidade e o setor produtivo, a fim de trazer nova ótica para a tríade ensino-pesquisa-extensão da Universidade. No entanto, para atender às demandas e aos progressos da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Instituto Ipê tem como diretriz uma reestruturação dessa política.
Com relação a um dos indicadores da Cinova, que é um aumento das Propriedades Intelectuais da UFRPE como titular, destacam-se o depósito de patentes (Figura 3) e registros de programa de computador, que vêm crescendo nos últimos anos. Até 2020, foram 159 pedidos de patentes e 91 programas de computador. Entre os projetos inovadores, estão o desenvolvimento de jogos educacionais, aplicativos, soluções tecnológicas em diversas áreas - como a agroindústria e a biotecnologia - e diversos projetos relacionados tanto ao ambiente educacional quanto a questões sociais e tecnológicas.
Observam-se os gráficos abaixo.
Figura 3: Quantidade de Depósito de Patente por ano |
Quantidade de registros de programas de computador por ano |
Dentre as ações elencados, o NEI adotou como indicadores o Número de Empresas com Base Tecnológica Incubadas, os Pedidos de Patentes Depositados, as Empresas Juniores certificadas pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores, as Disciplinas de Empreendedorismo e/ou voltadas à competência empreendedora e os Projetos de PD&I apoiados por instituições públicas ou privadas. Tais indicadores são fundamentais para impulsionar a inovação e o empreendedorismo na UFRPE.
2.3. Relações e parcerias com comunidade, instituições governamentais, não governamentais e privadas
Uma das formas de interação entre instituições ocorre por meio de parcerias institucionais, celebradas com instrumento jurídico próprio para realização de atividades de interesse recíproco e em mútua cooperação. Na universidade, também são oportunidades para executar projetos com outros atores da sociedade, com ou sem repasse financeiro.
Uma parceria institucional, pode ser segmentada em três fases: celebração, execução e prestação de contas. Em cada etapa, há preceitos legais estabelecidos por atos normativos a serem seguidos, especialmente quando há, ao menos, uma entidade pública como partícipe.
Diante da necessidade de um setor especializado no tema, em 2013, a UFRPE criou, por meio da Resolução nº 90/2013 – Consu/UFRPE (UFRPE, 2013a), o Núcleo de Relações Institucionais e Convênios (Nuric), para dar suporte técnico nas diferentes fases de parceria institucional. Pode-se afirmar que essa demanda também foi consequência de trabalhos de auditoria de órgãos de controle, que sugeriram melhorias na celebração de parcerias.
Nos cinco primeiros anos de existência, priorizou-se a criação de procedimentos e normativas para convênios com fundação de apoio financiados com recursos públicos, um dos mais complexos tipos de parceria. A UFRPE foi uma das primeiras universidades a adotar a Plataforma +Brasil, sistema de gestão de convênios do Governo Federal, o que proporcionou transparência e controle nas parcerias, que movimentaram mais de dez milhões de reais em 2014.
Entre 2017 e 2020, com a redução do financiamento de projetos com recursos públicos, o Nuric desenvolveu, junto com outros setores, instrumentos para captar recursos privados. Foram celebrados então os primeiros convênios de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação (ECTI) e Acordos de Cooperação Técnica Administrativa e Financeira com Autorização para Captação Direta de Recursos.
Com corpo técnico especializado e mais de 10 tipos de instrumentos mapeados e pré-definidos, em 2020, a UFRPE deu novo passo, integrando o Nuric, agora Núcleo de Relações Institucionais (Nuri), ao Instituto Ipê. O intuito foi ampliar a captação de recursos para projetos em parceria por meio da divulgação das capacidades da instituição entre potenciais parceiros e a consolidação dessa cultura entre docentes e técnico(a)s. A aprovação da Resolução nº 88/2021 – Consu/UFRPE (UFRPE, 2021b), unificou e atualizou as normas das parcerias entre a UFRPE e pessoas jurídicas, públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, para projetos acadêmicos, e possibilitou a prestação de serviços técnicos especializados.
Outra forma de relacionamento com a comunidade externa se dá através das ações de extensão universitária - programas, projetos, eventos, que conectam a universidade com as comunidades do campo e de cidades, por meio de relações de parcerias baseadas na horizontalidade e na dialogicidade. Nessa perspectiva, a inserção de discentes, técnico(a)s e docentes em diversas realidades é vital para geração de novos aprendizados, que retroalimentam a formação universitária.
Ao se estabelecerem parcerias com organizações governamentais, não governamentais e movimentos sociais, a Universidade contribui para a formação profissional socialmente referenciada na realidade das comunidades localizadas no entorno da UFRPE. As relações de parcerias estabelecidas com as comunidades constituem um processo vivo e de mão dupla, que retroalimenta o ensino, a pesquisa e, ao mesmo tempo, contribui para apoiar as comunidades nas suas lutas por mudanças e melhor qualidade de vida.
2.4. Relações e parcerias internacionais
O Brasil tem sido parte do processo intenso de integração cultural, política e econômica mundial, que se caracteriza pelo constante contato além de suas fronteiras. Esse processo é fortemente refletido no setor educacional, uma vez que, além da necessidade de desenvolvimento de competências interculturais, há a necessidade de capacitação para a troca de conhecimentos, visando ao aperfeiçoamento e maior alcance de desenvolvimento local. Dessa forma, as universidades se depararam com inúmeros desafios para preparar e se capacitar dentro das realidades criadas a partir desse movimento mundial de internacionalização.
A UFRPE vem se dedicando a esse propósito desde meados de 2007, com a criação da Assessoria de Cooperação Internacional (ACI), e participou ativamente do Programa de Mobilidade Discente, o Ciência sem Fronteiras do Governo Federal do Brasil, a partir de 2011. Mas, foi em janeiro de 2018 que o Plano para Implantação de uma Política de Internacionalização foi aprovado no colegiado da UFRPE, compilado em prol de atender às várias necessidades crescentes e a prever necessidades futuras dentro desse mesmo contexto. Esse trabalho constante culminou com a criação da Resolução nº 089, em abril de 2018 (UFRPE, 2018e), oficializando o Plano de Implantação de uma Política de Internacionalização com alcance de 2018 a 2023. Em 2020, a assessoria se tornou Núcleo de Internacionalização (Ninter), vinculado ao Instituto Ipê, de acordo com a Resolução nº 027/2020 – Cepe/UFRPE (UFRPE, 2020e).
O Ninter tem o objetivo de garantir visibilidade internacional à UFRPE, trazendo benefícios para a participação efetiva de pesquisadore(a)s, educadore(a)s e extensionistas em editais de fomento e integração com órgãos internacionais, facilitando a captação e a alocação desses recursos dentro da Instituição. Com intuito de formar redes de colaboração, pesquisa com geração de produtos, patentes e royalties, como forma de internacionalização ativa, além de subsidiar a internacionalização em casa e passiva como meios de obtenção de melhores resultados para o desenvolvimento acadêmico e tecnológico da UFRPE. A cooperação científica internacional também é essencial, de modo a mobilizar competências, no Brasil e no exterior, contribuindo para a qualificação de pessoas e para a promoção de PD&I (BRASIL, 2016h).
É interessante observar que, dentro do processo de internacionalização, os muitos componentes estão interconectados e não podem ser desvinculados. Por exemplo, a internacionalização passiva depende fortemente da mobilidade, tanto discente quanto docente e/ou técnica, mas, sem a construção de uma política linguística da Universidade, um exemplo de Internacionalização em Casa, não é possível aumentar os índices de mobilidade, uma vez que a língua é fator preponderante para o deslocamento e a aquisição de competências interculturais, vitais às relações internacionais. Portanto, para se estabelecerem relações em redes de pesquisa, ensino ou extensão, com geração de produtos, patentes e royalties, é necessário reconhecer a importância da Internacionalização em casa e passiva como partes de construção e base do processo total.
Nessa perspectiva, a internacionalização tem potencial inequívoco dentro da UFRPE em promover e ampliar parcerias e integração da comunidade acadêmica com instituições estrangeiras. Tais parcerias são capazes de promover, além da troca de conhecimentos, a ampliação da troca de tecnologias e de recursos voltados ao desenvolvimento de produtos, além da geração de capital próprio.
O Ninter, com suas coordenações, é responsável por promover a ampliação da internacionalização da UFRPE.
O planejamento da internacionalização da UFRPE é estruturado em quatro eixos:
- Cooperação internacional de pesquisas: apoiar as pesquisas internacionais, propondo formalização das parcerias para fortalecer as relações institucionais externas e incentivando a vinda de pesquisadore(a)s para enriquecimento bilateral.
- Ensino multicultural e internacionalizado: capacitar discentes de graduação e pós-graduação, docentes e técnico(a)s-administrativo(a)s em línguas estrangeiras, em parceria com o Núcleo de Idiomas (NID) e a Rede Andifes-IsF - Idiomas sem Fronteiras, para estarem preparados a oportunidades internacionais, com a oferta de cursos de idiomas e atividades de caráter linguístico e cultural que favoreçam as ações de internacionalização da Universidade, através do Programa de Ensino Remoto em Idiomas (Peri).
- Colaborações internacionais: fomentar redes de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação nacionais e internacionais, com a captação de recursos externos. Atua-se na mediação e no diálogo com as instituições internacionais e a UFRPE, com apoio em tradução de documentos oficiais, orientação das normativas e fortalecimento do relacionamento institucional no mundo.
- Mobilidade internacional: prospecção e divulgação das parcerias e do programa de mobilidade internacionais para discentes, docentes e técnico(a)s-administrativo(a)s da UFRPE, bem como recepcionar estrangeiros com o objetivo voltado para a troca de experiência de estudantes e professore(a)s de diferentes nacionalidades.
2.5. Relações humanas: valorização da vida, saúde emocional, direitos humanos e diversidades
Além da trajetória e expertise na condução de atividades acadêmicas e administrativas, a UFRPE vem fortalecendo seu perfil holístico, a partir de políticas e ações conectadas com as questões contemporâneas de valorização da vida e cuidado humano, bem como no enfrentamento às desigualdades, direitos humanos e diversidades.
O caráter humanista institucional ganhou força tanto na formação de estudante quanto na atenção às demandas socioemocionais, dentro do contexto acadêmico e de seus principais entes, além de posturas sintonizadas com as discussões acerca de identidade, gênero, etnia, acessibilidade e diversidades em geral.
Na última década, as iniciativas implementadas na Universidade se constituíram em teias de ações que agregam potencialidades para formulação de propostas e diretrizes apontadas nesta seção. Entre essas iniciativas, destacam-se:
- Criação da disciplina Libras/Língua Brasileira de Sinais, como componente curricular obrigatório nos Cursos de Licenciatura e optativo para os de Bacharelado, em 2010;
- Inclusão da disciplina Educação das Relações Étnico-raciais como obrigatória para os cursos de Licenciatura e eletiva para os de Bacharelado, em 2012;
- Adesão integralmente à Lei 12.711/2012 – Lei de Cotas (BRASIL, 2012f)– a partir do ingresso de 2013;
- Criação do Núcleo de Acessibilidade (Naces), em 2013;
- Criação da Comissão de Direitos Humanos Gregório Bezerra, em 2013;
- Aprovação de resolução que dispõe sobre a utilização do nome social de transgênero nos registros acadêmicos e funcionais, em 2013;
- Aprovação de resolução sobre política de ações afirmativas para negro(a)s – preto(a)s e pardo(a)s, indígenas, pessoas com deficiência ou pessoas trans na pós-graduação stricto sensu, em 2018;
- Criação, dentro da Pró-Reitoria de Gestão Estudantil e Inclusão, da Coordenadoria de Ações Afirmativas de Permanência (CAAP);
- Criação, no âmbito da Pró-Reitoria de Extensão Cultura e Cidadania, da Coordenação de Direitos Humanos, Ações Afirmativas e Diversidades, com potencialidade de transversalizar políticas institucionais de ensino, pesquisa e extensão, em 2020;
- Criação do Instituto Menino Miguel, que agrega Escola de Conselhos de Pernambuco, Núcleo do Cuidado Humano, Núcleo do Envelhecimento, Velhice e Idosos e Observatório da Família, em 2020;
- Criação da Comissão de Heteroidentificação para questões referentes às políticas de ação afirmativa na graduação, pós-graduação e concursos públicos, em 2021.
O reconhecimento dessas iniciativas torna-se oportuno para adensar o planejamento estratégico no fortalecimento das instâncias institucionais – Reitoria e Pró-Reitorias, como suas estruturas organizacionais – além de otimizar processos decisórios, com a definição de princípios, diretrizes e soluções para articular, implementar e desenvolver programas e projetos de redimensionamento institucional.
Embora algumas discussões tenham surgido a partir do cenário da pandemia de Covid-19 e seus impactos, num caráter emergencial de planejamento, almeja-se, a partir das diretrizes e horizontes, promover coerência e sincronia ao conjunto das providências a serem tomadas no âmbito das políticas de gestão, a fim de dar transparência a ações de enfrentamento às formas de preconceito, discriminação, racismo, homofobia, machismo, idadismo, capacitismo e outras intolerâncias.
Todas essas ações, bem articuladas, podem proporcionar qualidade das políticas de acesso democrático, permanência e sucesso na conclusão do(a)s estudantes na graduação e nos cursos de pós-graduação, como também favorecer o acompanhamento institucional de egresso(a)s e sua inserção no mundo do trabalho.
As políticas de ação afirmativa, de direitos humanos e das diversidades, que agregam as dimensões étnico-racial, geracional, de gênero e LGBTQIA+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexuais, Queer e mais – e inclusão de pessoas com deficiência, vêm se constituindo em importantes iniciativas, na UFRPE, sintonizadas com uma agenda contemporânea de reconhecimento, afirmação, implementação e consolidação de direitos em diferentes perspectivas.
As ações estão fundamentadas em marcos legais, políticas de gestão governamental ou em consonância, direta ou indireta, com planos, pactos, estatutos e políticas públicas voltadas a essa agenda. Exemplo: Pacto Nacional Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura de Paz e dos Direitos Humanos, Estatuto da Igualdade Racial, Programa Brasil sem Homofobia, que compõem o Programa Nacional de Direitos Humanos, Estatuto da Pessoa com Deficiência e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
2.5.1. Proposições e diretrizes
Instituto Menino Miguel (IMM)
● Atividade de extensão É tempo de Esperançar - Estatuto da Criança e do Adolescente em Pernambuco - Coordenadoria da Escola de Conselhos de Pernambuco.
● Pós-Graduação para operadore(a)s do Estatuto da Criança e do Adolescente em Pernambuco
● Atividades de saúde mental voltadas para a comunidade universitária - Coordenadoria do Cuidado Humano
● Campanha anual de enfrentamento às violências e violação dos direitos humanos, Faça Bonito UFRPE
● Disciplina Direitos Humanos e Transdisciplinaridade
● Projeto Diálogos - Coordenadoria Observatório da Família
● Ações de formação com o Conselho Municipal do Idoso (Recife) - Coordenadoria Núcleo do Envelhecimento, Velhice e Idosos
● Projeto Marca da Liberdade - Observatório da Família
● Diálogo com a Proplan: valorização da vida, direitos humanos e enfrentamento às desigualdades sociais – objetivos do desenvolvimento sustentável da UFRPE
Responsáveis: Coordenadoria Escola de Conselhos de Pernambuco; Coordenadoria da Família; Coordenadoria do Cuidado Humano; Coordenadoria do Envelhecimento, Velhice e Idosos.
Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Cidadania (PROExC)
● Constituir indicadores institucionais com o objetivo de implementação de iniciativas políticas institucionais de ação afirmativa, diversidades e inclusões
● Instituir Programa de Ações Afirmativas e Diversidades, com caráter participativo e democrático, que estabeleça princípios, diretrizes e metas a serem almejadas por diferentes instâncias – pró-reitorias, departamentos acadêmicos, departamentos administrativos e órgãos suplementares, programas e projetos – considerando, de forma indissociável, as dimensões de gestão, de pesquisa, de ensino e extensão
● Articular diálogos transversais e parcerias internas/setoriais com outras instituições universitárias (IES), organizações da sociedade civil e órgãos governamentais, a fim de definir estratégias e experiências institucionais exitosas
● Adotar, nas iniciativas de comunicação, informação e documentos oficiais, linguagem de gênero, como estratégia para dar visibilidade à luta pela equidade de direitos entre mulheres e homens
● Inserir questões associadas à ação afirmativa, de gênero e LGBTIQIA+ e acessibilidade no planejamento e execução orçamentária da instituição
● Estabelecer política para manter esses temas presentes nos espaços institucionais, físicos e virtuais, nas políticas de informação e comunicação, inclusive no uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) voltadas para recursos pedagógicos e formativos, bem como em outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público no espaço acadêmico
● Constituir rede de diálogo de escuta com outras instituições universitárias e organizações da sociedade civil para a formulação de proposições a serem implementação na universidade
● Definir política de produção de repertórios pedagógicos e gestão e disponibilização em diferentes formatos de acessibilidade
● Definir a Política dos Editais de Extensão, Cultura e Cidadania, considerando o estabelecimento dos Programas Estratégicos da Proexc, os ODS e a transversalidade das Políticas de Ações Afirmativas
● Estimular a criação e o fortalecimento de ações – integradas com as das instâncias governamentais da educação básica – na formação continuada de professore(a)s, gestore(a)s e técnico(a)s que atuam nas escolas da rede pública federal, estadual e municipal, em perspectiva inclusiva, democrática e emancipatória
● Reforçar ações de promoção dos valores democráticos, da justiça social e da liberdade, da garantia de direitos sociais e individuais e do combate a toda forma de discriminação: étnica, de gênero, geracional, social, sexual, religiosa, entre outras
● Desenvolver e acolher propostas que promovam iniciativas de reflexões, planejamento e ações institucionais coordenadas sobre direitos humanos, ações afirmativas e diversidade, como forma de combate ao preconceito e à intolerância, à violência de gênero, à homofobia e à transfobia. Em parceria com Progesti, PREG, Proplan, PRPG, Progepe, Instituto Ipê, Instituto Menino Miguel, DQV, Comissão de Direitos Humanos Gregório Bezerra e núcleos/grupos de pesquisa.
Núcleo de Acessibilidade (Naces)
● Elaborar banco de dados de estudantes com deficiência ou necessidades educacionais especiais para monitorar a sua trajetória acadêmica
● Ofertar capacitação a docentes para desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas nas diferentes plataformas e possibilidades de interação professor-estudante
● Identificar possível enfrentamento acerca da violência sexual praticada contra as pessoas com deficiência ou necessidades educacionais especiais
● Dialogar com a Proplan para implantação de política inclusiva na UFRPE
● Desenvolver ações e inciativas para a garantia de acessibilidade em diversos âmbitos, incluindo os segmentos discente, docente e técnico-administrativo.
Responsáveis: Departamento de Educação; Naces; Núcleo de Pesquisa da UFRPE Inclusivo.
Departamento de Qualidade de Vida (DQV)
● Ampliar a agenda de ações de promoção da saúde desenvolvida pelo DQV
● Manter a realização regular de atividades de informação e educação em saúde por meio da utilização de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação
● Aprofundar parceria intersetorial, no campo da saúde, entre o DQV e as outras unidades acadêmicas fora da Sede/UFRPE; Período: fevereiro a dezembro de 2021
● Intensificar o desenvolvimento de ações de prevenção e promoção no campo da saúde mental
● Manter o serviço de acolhimento, por meio digital e – a partir das orientações e protocolos de biossegurança nacionais e locais – presencial, e o trabalho de orientação psicológica
● Participar do desenvolvimento de ações de acolhimento, cuidado e educativas em saúde mental, fortalecendo parceria com o Núcleo do Cuidado Humano/Instituto Menino Miguel
● Desenvolver ações que abordem temas relacionados a família, maternidade, paternidade, filhos, educação, saúde e trabalho
● Construir parceria com o Observatório da Família/Instituto Menino Miguel para desenvolvimento de ações de promoção da saúde e qualidade de vida
● Fomentar a abordagem transversal das temáticas de gênero, raça/etnia, orientação sexual, infância, juventude, envelhecimento e intergeracionalidade
● Redesenhar Programa de Preparação para a Aposentadoria, bem como realizar outras ações no campo do envelhecimento, fortalecendo parceria com o Núcleo do Envelhecimento, Velhice e Idosos / Instituto Menino Miguel
Fortalecer a campanha Orgulho de Envelhecer – pelo fim do idadismo, parceria entre o setor de geriatria do DQV e o Núcleo do Envelhecimento, Velhice e Idosos (Nevi/IMM).
● Ampliar a articulação de parcerias com diferentes setores da UFRPE para desenvolvimento de ações de promoção da saúde que abarquem diversos aspectos e dimensões
● Fortalecer parceria com o Núcleo de Acessibilidade (Naces) promovendo ações de inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiências ou necessidades específicas
● Ampliar a articulação de parcerias com diferentes profissionais de saúde do DQV e outras unidades acadêmicas para o desenvolvimento de ações de promoção da saúde a grupos de orientação online